Wednesday, May 31, 2006

Foi assim que a Alemanha perdeu a guerra...

Sintra, Portugal, 2006

Monday, May 29, 2006

Béne Lá Déme

- Foi o Béne Lá Déme!
- Foi quem?
- O Béne Lá Déme, não conheces?!
- Eu não! – Disse agressivamente, para ocultar toda a minha ignorância. Béne Lá Déme, murmurei tentando procurar nos recantos da minha pobre inteligência alguma coisinha ou indício que me ligasse ao que quer que fosse. Bén Lá Déme, que raio! Béne… Os franceses continuavam a olhar-me incrédulos enquanto pensavam entre si que espécie de ser era eu que não sabia quem era o Béne Lá Déme. Nessa altura o meu pensamento já andava a correr os vários clubes de futebol à procura de um Béne Lá Déme (Estava já a conseguir um estremo direito, vejam lá!, comprado pelo Porto no oriente). Se o Béne Lá Déme fosse músico eu deveria saber, por isso é que decidi investir algum tempo de pesquisa mental no futebol do qual nada percebo. Um dos franceses mais incrédulos pelo facto de eu não saber quem era o Béne Lá Déme lá esforçou uma nova pronúncia:
- Béne Laden.
- Ah!- Disse eu - O Bin Laden! É evidente que conheço!
Suspiraram em uníssono.
A França não se bate contra os mesmos terroristas com os quais se batem os Estados Unidos da América e o Reino Unido. Aqui está a razão, até agora escondida ou incompreendida, pela qual a França não apoiou os ingleses e americanos aquando da guerra no Iraque. É que os Americanos queriam capturar os terroristas errados: O Bin Laden e o Saddam Hussein. Enganaram-se os pobres dos americanos! Os terroristas, conhecidos como terroristas, e mais procurados pela França chamam-se Béne Lá Déme e Sadáme Iuséne, respectivamente. Agora compreendo a postura das entidades francesas bem como compreendo a atitude do governo português da altura, que apoio os americanos. Em Portugal também andávamos à cata dos mesmos terroristas que os americanos.
Há muitas coisas que não existem na França. Por exemplo, eles não têm um Mac Donald mas têm uma cadeia de fast-food parecida mas que não é a mesma coisa. Se lhes perguntarmos pelo Mac Donald eles dizem-nos que o Mác Dônálde (Mác Dô para aqueles que são tu lá tu cá comigo) fica para ali. Na música acontece o mesmo, por exemplo, os Dire Straits nunca tocaram na França mas os Daiérre Straite vão lá dar umas guitarradas de tempos a tempos.
Cada vez mais sinto que a França é um mundo à parte!
Calma que há coisas piores. Há coisas bem piores! Pior do que ler à letra em francês nomes anglo-saxónicos é tentar, como os espanhóis, traduzir todos os estrangeirismos para espanhol. Em Espanha os Rolling Stones não existem. Lá, os Rolling Stones são a sombra dos Piedras Rolantes. Eu nunca daria 100 Euros para assistir a um concerto dos Calhaus Rolantes em Portugal. Em Portugal já me chega ter que aturar o que se passa no cinema. Os filmes são feitos nos EUA com um título e pelo caminho algo se passa (deve ser das correntes frias do oceano Atlântico) que eles chegam a Portugal completamente transformados. A Sofia Coppola criou o excelente Lost In Translation, eu em Portugal assisti ao igualmente surpreendente “O Amor é um lugar estranho”. Pelo menos os actores falavam a mesma língua e tinham o mesmo tom de voz do original americano. Valha-nos ao menos isso!

Friday, May 19, 2006

Não me enviem mais mails!

Por favor não me enviem mais correio electrónico. Estou farto de ver a minha caixa estupidamente entupida por mensagens provenientes das mais diversas entidades. Antigamente ninguém me ligava nenhum, agora também está a ser francamente demais. Recebo diariamente mensagens que, garanto, não me dizem respeito. Esse a quem enviam mails, afianço, não sou eu!
No ranking dos assuntos mais recebidos o “Enlarge your penis”, ou a versão mais subliminar do “Male Enlargement”, é, de longe, o que mais me preocupa. “Your penis” sei eu muito bem o que quer dizer mas, confesso, para o “enlarge” tive que me socorrer do dicionário: “Make bigger, increase”, que na tradução livre para português deu em “tornar maior, aumentar”. Fico desassossegado com este tipo de insinuação não pela proposta em si mas porque são vários os remetentes a sugerirem-me um tratamento similar. Não há coincidências! Quer dizer… só pode haver coincidência! ou isto começou num boato, e com boatos é sempre assim: Primeiro é latente, depois é patente. Ando desconfiado que alguém deu com a língua nos dentes mas não faço a mínima ideia de quem terá sido a linguaruda a lançar tão sórdida difamação!
Ninguém no seu perfeito estado de debilidade (todos temos um certo grau de debilidade mental para nos sentirmos integrados) passa por um tratamento para aumentar o pénis assim pelo “dá cá a tua palha”. Eu, se um dia me submetesse a tal processo, seria apenas por questões estritamente estéticas. Todas as outras razões que possam ser lançadas à volta de tamanhos são uma pura falácia.
Ainda sobre a índole sexual, há também o “Here are your viagra pills” a apoquentar-me. As questões que põem em causa a virilidade inquietam qualquer bicho, muito mais o humano. Juro a pés juntos que nunca tomei essas “pills”!, por isso não insistam, não vão conseguir vender-mas, pelo menos no momento actual. Em relação ao futuro já não garanto mas por agora, esqueçam!
Há ainda quem pense que eu preciso de “To Lose Weight Naturally”. Mas há alguma forma natural de perder peso que não seja a de comer menos? Natural nem os iogurtes! Este assunto da perda de peso vem sempre com uma imagem recorrente em anexo: Uma mulher seminua com o umbigo à mostra. Como se a gordura nas mulheres fosse auferível pela volumetria da barriga. A mim não me enganam! Mostrem-me a parte das ancas na mesma mulher que eu saberei analisar até que ponto a naturalidade desse método é eficaz.
O assunto “You got to know this” ou a variante mais à macho “You have to see this” talvez fosse apelativo se eu tivesse nascido mulher, ou se, como elas, fosse biologicamente programado para ter uma curiosidade desmedida. Eu nunca chego a abrir este tipo de mensagem. E nem é tanto pela minha condição biológica de macho mas porque ver responsabiliza. Ver envolve e eu não me quero envolver. Ver compromete e eu nunca me comprometo. O envolvimento e o compromisso transformam os homens. E transformações em homens que já são homens só podem dar em asneirada.
Eu, que sou um homem que já sou homem, não mudo uma linha do que aqui disse: Parem lá de me enviar tantos mails!

Thursday, May 11, 2006

Florença

Florença, Itália, 2005
- Esta foto, se a memória não me falha, foi tirada da cúpula da Duomo, non è vero?

- Cúpula? Prefiro a cópula... Aliás, dou mais valor ao que está antes dessa tua cúpula e desta minha cópula. Prefiro sempre o que está antes de qualquer chegada. Prefiro o que os olhos não me desmentem. Prefiro… Prefiro porque só aí o pensamento é livre. Quando se chega à tua cúpula ou à minha cópula já tudo é realidade e a realidade desaponta-nos os pensamentos. Não foi o caso da tua cúpula e não será o caso da minha cópula. Não foi. Não será. É de uma beleza essa tua cúpula que jamais pensamento fértil poderia des(d)enhar. Esta foto foi tirada aí… Momentos antes de chegar aí…

Friday, May 05, 2006

Rigor

- “Fica-te bem essa barba de dois dias…”
A minha felicidade ficou-se, inesperadamente, no piropo. Jamais poderíamos avançar com outro tipo de relação que não a da amizade. Procuro mulheres rigorosas nas contas. Aprecio da exactidão dos números.
Aquela minha barba era de 6 dias…

Tuesday, May 02, 2006

Médias Simples

Meter um francês num avião pode demorar, em média, mais 1,5 minutos do que um português. Um português que não seja emigrante, abra-se o parêntese. Sou eu quem o afirma. Vamos lá sistematizar: Uma pessoa entra na França, a passeio ou a trabalho, e arrisca-se a vir de lá com um brinco pendurado na orelha. É a moda por aqueles lados! Ora, uma moda assim não é compatível com os detectores de metais dos aeroportos. Cada francês, ou português emigrado em França, tem que passar duas vezes no detector, uma que é a passagem da praxe, para qualquer cidadão normal, e outra que é a passagem de castigo por se terem esquecido do brinquinho na orelha. Bem… brinquinho que é como quem diz, aquilo não são brincos normais! Há por lá homens que trazem pendurados nas orelhas autênticos receptores parabólicos ou portentosas obras de arte (A Nokia que olhe para eles com olhos de ver e não tarda muito temos televisão, rádio, telemóvel, microondas, tudo incorporado no cérebro humano, por captação brinco-parabólica).
E dizem vocês: “Ah!... Mas isso são só os homens franceses. Com as mulheres a regra não se aplica uma vez que as portuguesas também usam brincos nas orelhas”. Ora, não há nada mais errado e pouco abonatório do que fazer uma dedução tão superficial como essa! Se metermos as mulheres francesas ao barulho então temos a média toda lixada, por defeito. Isto é, com as mulheres francesas a heurística é ainda pior. Se não esbarram pelos brincos massacram-nos a vida com os piercings. E aí a coisa torna-se muito pior! É que os brincos dos franceses, suponho, devem andar apenas nas orelhas (Pronto… Não ponho a minha mão no fogo neste pressuposto) mas os piercings das francesas aparecem nos mais recônditos lugares. Enquanto um brinco se tira facilmente sem o risco de se arrancar uma orelha, para um piercing num umbigo, ou noutro local mais encoberto, é um verdadeiro perigo a tarefa de remoção. Assim, se as mulheres francesas entrarem na amostra estatística, então a média de atraso de um francês em relação a um cidadão normal pode ascender aos 2 minutos.
Muitos outros exercícios estatísticos podem ser feitos numa simples observação de embarque. Por exemplo: Um emigrante português em França pode levar mais um 1 minuto a entrar num avião do que um francês normal. Ou seja, mais 3 minutos do que um português normal. Porquê? Porque para além dos brincos e dos piercings querem levar as mães, as tias, os avós, o cão, o gato, o saco de batatas (pommes de terre), o cesto das maçãs (já agora, pommes de l’air), os peixinhos (já agora, poisson de mare), o chocolate para a família, o caramelo para o vizinho, o pingarelho para tio, tudo, tudo dentro de saquinhos Yves S. Laurent com o mesmo padrão daqueles que vemos nos tendeiros das feiras portuguesas.
Eu não tenho nada contra os emigrantes nem contra os franceses. No caso dos emigrantes acho até que são a nossa grande fonte de receita. Fico apenas chateado com o que me está a acontecer em França quando chego à fase crítica em que me perguntam de onde eu sou (Fase crítica porque nela tudo se decide. O meu futuro imediato, pelo menos). Eu nunca me renego: “Sou português, não se vê?!” A reacção é sempre a mesma: Primeiro fazem aquela cara de quem me vai vomitar em cima. Depois vêm sempre com a mesma coreografia: Erguendo os braços e batendo castanholas com os dedos, como quem dança num grupo folclórico, cantam “óbali bálá/óbali bálá”, e terminam em grande com o chavão: “Bacalau! Bacalau!”. Um português na França não é mais que “bacalau”, irra!
Eu, que fico aborrecido com estes preconceitos, tenho-me dedicado nos últimos tempos à realização das mais improváveis estatísticas, como esta que aqui vos apresentei.
“Au revoir”!